segunda-feira, 29 de março de 2010

VAZIOS CIBERNÉTICOS

Há aproximadamente 14 anos atrás a INTERNET entrou de vez na minha vida e hoje, viver sem ela, seria o mesmo que viver sem energia ou água. A praticidade que ela traz para nossas vidas é imensurável e simplesmente não consigo imaginar o mundo sem internet e outros avanços tecnológicos, como o próprio telefone celular.
A internet é uma ferramenta que possibilita uma infinidade de informações ao mesmo tempo, de todos os tipos, de todas as épocas, de todos os assuntos. Possibilita também, muitas opções de comunicações.
Podemos acessar nossos e-mails e "clubes" particulares de qualquer lugar do mundo e a distância se reduz a um clique. No entanto, acredito que a solidão é mesmo o mal do século, como tantos afirmam e, é também, um dos grandes motivadores da internet hoje. A Solidão é a principal razão, na minha opinião, pela qual os Orkuts, Facebooks, Twitters, salas de bate-papos, e até alguns BLOGS... entre tantas outras opções cibernéticas, se popularizaram taaaaanto.
Queremos ter milhares de amigos, queremos mensagens fofinhas, queremos depoimentos que dizem pro resto do mundo o quanto somos lindos, bem-humorados, divertidos, originais e bem amados. Queremos mostrar fotos das nossas maravilhosas viagens, queremos mostrar fotos com cinquenta amigos diferentes, queremos mostrar foto do(a) namorado(a) e do(a) filho (a) lindo, queremos mostrar fotos da nova melhor amiga de infância que acabamos de conhecer, queremos que o mundo saiba que somos desejados, queremos contar pra todo mundo sobre o carro novo que acabamos de comprar, queremos dizer ao mundo que já estivemos láááááá no fim do mundo, quero que todos saibam que somos legais, inteligentes e únicos. Queremos admiração. Queremos falar, o tempo todo, dos nossos super amigos, do nosso amor e do nosso dinheiro.!... falar... falar...! mesmo que não tenhamos nada para acrescentar na vida de ninguém.

Mostramos (ou, pelo menos, tentamos mostrar) para mundo que somos a estampa ideal, quando, na maioria das vezes, a viagem foi financiada em mil vezes, os cinquenta amigos das fotos só são amigos na hora da foto e não são pessoas que se importam de verdade no dia-a-dia. E os novos amores se vão a cada semana.
Queremos ter mil carinhas no Orkut, mas não achamos companhia pra assistir um filme no cinema quinta-feira à noite. Queremos nos comunicar com todo mundo e “reestabelecer” amizade com pessoas com as quais mal falávamos “oi” dois anos atrás e que pouco acrescentam para as nossas vidas.
Desejamos 'boooom dia' no Twitter (um negócio onde se fala sozinho) e sequer cumprimentamos com um 'oi' o nosso vizinho.
Adicionamos Deus e o mundo no MSN pra termos companhia e não perder o contato com aquela pessoa tão querida e amada com a qual trocaremos quatro frases ao longo do ano. Pessoas verdes online com as quais mantemos relações virtuais 24 horas por dia.
Tudo fruto da nossa carência, tão ruim quanto essas relações virtuais infundadas e, em alguns casos, promíscuas.
Precisamos nos afirmar para o mundo e para nós mesmos. Precisamos nos encaixar nos padrões atuais de pessoas bem-sucedidas, admiradas e amadas para sermos aceitos. Mas o vazio está lá... Nas tardes de domingo (como mencionei ontem!...)
Nas noites de terça-feira. Nas compras cujo encantamento acaba assim que o cartão de crédito registra o seu valor.

Esperamos encontrar a felicidade no Macbook novo, na TV à cabo desbloqueada com todos os canais possíveis, no celular com mil funções que não toca, no apartamento novo lindamente decorado, na bolsa de marca tão desejada, no som potente do carro, no i-pod com 0982529384203 botões, dos quais só sabemos a função de meia dúzia... Enfim, compramos pra ter companhia!... PODE ISSO?!?
Compramos pra preencher um vazio interno. O mesmo vazio que tentamos preencher com amigos virtuais, relacionamentos virtuais e mentiras virtuais.
Tapamos o sol com a peneira. Tapamos nossos buracos com relacionamentos que não existem verdadeiramente no nosso coração.
Despistamos nossa carência aguardando um produto chegar. Nos tornamos tão superficiais quanto nossos amigos virtuais.
E continuamos nos sentindo vazios...

Então, hoje, paremos para pensar um pouco: É realmente impossível retroceder no tempo e viver sem INTERNET, porém, sejamos honestos com nossas necessidades pessoais mais íntimas e verdadeiras e, aprendamos por fim, que esta ferramenta pode sim ser de grande valia para as nossas vidas... mas, não façamos MAIS dela, uma ponte falsa para uma vida de mentiras... e sim, para uma vida cheia de realizações verdadeiras!... Abra este vazio que você talvez também sinta (eventualmente ou sempre!) para que ele seja totalmente preenchido por coisas e sentimentos do mundo real, e não virtual. Seja verdadeiro consigo mesmo! Seja feliz você também! AMÉM!...


"O tambor faz muito barulho

mas é vazio por dentro".

Barão de Itararé

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