sexta-feira, 14 de maio de 2010

COMO OS PATOS

"Covarde não é aquele que evita um combate e sim aquele que mesmo sabendo que é superior luta e fere o mais fraco".
Dias atrás, tive a infelicidade de presenciar um gesto muito grosseiro de uma pessoa considerada muito culta e letrada, durante uma "conversa" sua com outra pessoa de estudos módicos.

Sua pose de superioridade era bastante enfática sobre a humildade de seu interlocutor, o que me causou grande constrangimento. Afinal, o que este ser tão "superior" ganhou em humilhar o outro, diante de palavras tão maldosas?
Simplesmente NADA!... o que me deixa ainda mais boquiaberta pela gratuidade da ação... De qualquer forma, esta atitude nos faz refletir sobre a necessidade que algumas pessoas têm de diminuir os outros para se firmar como superiores...
Para mim, na verdade, considero este, um gesto que expressa um grande sentimento de inferioridade mascarado, e não o contrário!
Acho mesmo que a cultura vem de fora para dentro, penetra pelos olhos e ouvidos e pode fixar-se ou não em nosso cérebro.
A sabedoria, ao contrário, nasce de dentro de nós, e se exterioriza. Surge no coração e só pode ser adquirida por meio da introspecção e meditação. Até os analfabetos podem conquistar a sabedoria, se souberem parar, pensar e meditar sobre os mais diversos assuntos, trazendo de seus corações grandes verdades.
Como já dizia o sábio, "alto deve ser o valor de suas idéias e não o volume de sua voz"...


Eu levo ou deixo?
Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
- Ó bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínsico dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelía e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que vulgo denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
- "Dotô, eu levo ou deixo os pato?"


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