sábado, 9 de outubro de 2010

DIFERENTES SIM

DIFERENTES SIM!
Hoje é sábado, dia de relaxar e dar umas boa risadas com a família e com os amigos. Vamos deixar as amarras de lado e valorizar o dom da vida.
Que tal dar uma chance a você mesmo(a) para simplesmente ser DIFERENTE?
Por que, afinal de contas, todo mundo tem que ser igual? Não temos. Ponto final.

Individualidade existe porque somos feitos apartir de fôrmas únicas, especiais e exclusivíssimas. Então, por que cargas d'água temos que padronizar nosso olhar em relação ao mundo e tornar o nosso comportamento tão rígido 365 dias por ano?
E ainda: por mais que pensamos saber o que o outro tem dentro de si, isso simplesmente não é possível, porque mesmo a tal da felicidade (ou a falta dela!) só quem a sente, verdadeiramente, é quem a possui (ou não!).

"No livro de Carlos Moraes, o ótimo 'Agora Deus vai te pegar lá fora', há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major:

- Por que você não é feliz como todo mundo?

A que ela responde mais ou menos assim:

- Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é a minha, Major.

E assim é. Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos. Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que seu casamento deve ser um inferno, pobre sujeito. É nestas horas que junto a ponta dos cinco dedos da mão e sacudo-a no ar, feito uma italiana indignada:

- Mas que sabemos nós da vida dos outros?

Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave da porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar-se no cinema, sozinho, para assistir ao filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações.Os acordos secretos que temos com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo - ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades, afinal.

O que sei eu sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio? Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas.

Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter - juízes indefectíveis que somos da vida alheia - mas é um atrevimento nos outorgar o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz. A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã.

Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só com a nossa permissão".

Martha Medeiros

2 comentários:

  1. Lindo! Só vc para ter a sensibilidade de nos presentear com este texto da Martha Medeiros.
    bjos da Mammy

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  2. Que bom que vc gostou, Mammy! Tbm acho incrível a sensibilidade da Martha Medeiros... parece que ela lê os pensamentos das pessoas, né?
    Beijos

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