quinta-feira, 17 de setembro de 2009

FOGO...



"De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

(Vinícius de Morais - Antologia Poética)



Monte Castelo
Composição: Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece...
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer...
Ainda que eu falasse

A língua dos homens e falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
É um não querer mais que bem querer

É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder...
É um estar-se preso por vontade

É servir a quem vence: o vencedor
É um ter com quem nos mata, a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor...
Estou acordado e todos dormem

Todos dormem... Todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade...
Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,
Sem amor, eu nada seria...


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